quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Parque Estadual do Jalapão completa 22 anos de criação nesta quinta-feira, 12

Wanja Nóbrega/Governo do Tocantins. Fotos: Washington Luiz/Governo do Tocantins

Apesar de ser conhecido por suas paisagens exuberantes e diferenciadas, capazes de encantar até mesmo os olhos mais exigentes, a maior riqueza do Parque é o seu povo, que gosta de ser chamado de jalapoeiro


Parque Estadual do Jalapão completa 22 anos e se consolida como o principal ponto turístico do Tocantins

Criado pela Lei Estadual N° 1.203, o Parque Estadual do Jalapão (PEJ) completa 22 anos nesta quinta-feira, 12, e se consolida como uma grande reserva da vida do bioma Cerrado, além de ser o destino mais visitado do Tocantins por turistas vindos de todos os cantos do Brasil e também do exterior. 


A exuberância das Dunas do Jalapão atrai visitantes e exige atenção especial por parte do órgão ambiental

Conhecido por suas paisagens exuberantes e diferenciadas, capazes de encantar até mesmo os olhos mais exigentes, quem visita o local sai de lá com uma certeza: a maior riqueza do Parque é o seu povo, que gosta de ser chamado de jalapoeiro. 

Os moradores do Parque têm uma vida dura. As alternativas econômicas para geração de renda capazes de garantir o sustento digno das famílias são limitadas ao turismo de base comunitária (quando a comunidade se organiza para prestar serviços aos visitantes) e à venda de produtos manufaturados, cuja matéria-prima é extraída da natureza. Ambas as atividades têm o apoio do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), responsável pela gestão das unidades de conservação do Estado.


Warley Rodrigues, diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Naturatins, e Alessandro Machado, supervisor do Parque Estadual do Jalapão

O supervisor do Parque, Alessandro Machado, relata que trabalhar em uma unidade de conservação não é fácil, porque as demandas ocorrem o tempo todo, inclusive sábados, domingos e feriados. “As pessoas imaginam que quem trabalha no Jalapão passa o dia de bermuda, tomando banho de cachoeira e vendo o pôr-do-sol nas dunas, mas na realidade nossa rotina é bem pesada, com equipes de plantão 24 horas por dia”, ressalta. 

O parque conta com uma brigada de prevenção e combate a queimadas ilegais e incêndios florestais, inspetores, guarda-parque e servidores administrativos. A estrutura física possui duas bases, sendo um centro projetado para abrigar pesquisadores e técnicos e a sede administrativa com o Centro de Capacitação e Educação Ambiental. A equipe do Parque é composta por 24 profissionais, todos nascidos nas comunidades tradicionais da região, inclusive quilombolas. 

Meio de vida

Desde a criação do Parque, o Naturatins trabalha junto com as comunidades tradicionais, como forma de promover meios de geração de renda. As parcerias com outras entidades, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), têm obtido resultados positivos na região, uma vez que possibilita a realização das atividades econômicas com baixo impacto ambiental, conciliando a natureza com a presença humana. 

Esses projetos fomentam a renda da população e agregam valor aos seus produtos, que são comercializados após passarem por processamento artesanal, como doces, óleos e farinhas, além do artesanato em capim-dourado.

O extrativista José Batista dos Santos, conhecido na região como Zé Mininim, se orgulha em dizer que desde 2012 participa das ações que o Naturatins promove na região, com objetivo de ensinar técnicas que garantam mais qualidade aos produtos, como apresentação das embalagens e cálculo para determinar o valor agregada àquilo é comercializado. 

“O Naturatins nos deu segurança, porque estamos protegidos aqui dentro do Parque e já aprendemos muito, porque antes a gente não sabia o que era extrativismo e não sabia que tem um jeito certo de colher os produtos que o Cerrado oferece e hoje já temos muito conhecimento sobre essas coisas”, lembra Zé Mininim.



Zé Mininim, comunitário do PEJ, reconhece a importância da atuação do Naturatins dentro da unidade de conservação

O comunitário acredita que já está pronto para dar o próximo passo, mas sabe que não conseguirá sozinho. “Nós precisamos do Naturatins e seus parceiros para avançar e melhorar as vendas de nossos produtos, que podem ser levados daqui para outros lugares, porque vender apenas para quem vem até o Jalapão rende pouco”, diz Zé Mininim, que se tornou uma referência no processamento da farinha de jatobá.

A supervisora da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão, que abrange também o PEJ, Rejane Ferreira Nunes, conta que a presença do Naturatins dentro do Parque é fundamental, indo muito além da fiscalização ambiental. 

“Os projetos encabeçados pelo Naturatins vem promovendo o desenvolvimento econômico dessas comunidades, sem impactar o ambiente e, hoje, os comunitários têm geração de renda, segurança alimentar e gestão comunitária, tudo isso em consonância com as boas práticas sustentáveis”, declara.

Rejane sabe que ainda tem muito trabalho a ser feito, mas é otimista em relação ao desenvolvimento sustentável da região. “Hoje, tanto a gestão do Naturatins quanto do Governo do Estado tem um olhar atento ao Jalapão e às necessidades de suas comunidades e novos projetos já estão sendo pensados para fortalecer ainda mais a presença institucional na região”, prevê a supervisora.

Turismo

Considerado a joia do turismo tocantinense, o Parque Estadual do Jalapão é o ponto turístico mais visitado do Tocantins. De janeiro a dezembro de 2022, os atrativos do PEJ foram visitados por 47.871 turistas. 

Entre esses visitantes está o casal catarinense, Adriana e Flávio Graff. “Valeu muito a pena ter vindo até aqui, porque o Jalapão é diferente de todos os lugares que já conhecemos”, analisou Adriana. Já Flávio revelou que deixa por conta da esposa a escolha dos locais que visitam. “Muitas vezes nem sei para onde estou indo, deixo por conta dela, que sempre acerta, como agora”, declarou. 

Entre os atrativos do PEJ se destacam as dunas, com suas areias alaranjadas, contrastando com os rios de águas cristalinas, e cachoeiras. A paisagem se completa com formações rochosas, como o mirante da Serra do Espírito Santo e a Serra da Catedral.

Nesse ecossistema singular, são encontradas diferentes espécies de animais silvestres, como veados-campeiros, tamanduás-bandeiras, antas, capivaras, lobos-guarás, gambás, onças, jacarés, raposas e macacos. Também podem ser encontrados diversos répteis e aves.

Além dos turistas, que procuram o local pelas suas belezas naturais e seus cenários de contrastes, o PEJ também é objeto de estudo de vários pesquisadores do Brasil e do mundo. 

Em junho do ano passado, o Naturatins em parceria com a Função de Amparo À Pesquisa do Tocantins (Fapt), lançou o primeiro edital com objetivo de financiar pesquisas científicas em nível estadual em unidades de conservação. Os projetos de pesquisa inscritos estão em fase de seleção e o Jalapão e sua biodiversidade devem ser
contemplados com novos estudos. 

Controle de visitantes

Por se tratar de uma área protegida, com enorme biodiversidade, o Naturatins mantém rigorosa fiscalização para garantir que as visitas, mais numerosas a cada ano, não causem danos irreparáveis ao lugar.

O supervisor do Parque, Alessandro Machado, explica que uma das prioridades é garantir que as suas belezas possam ser contempladas por todos que desejarem ir ao PEJ, mas que é precisar controlar o acesso, especialmente às Dunas do Jalapão, um dos atrativos turísticos mais procurados. 

“É preciso lembrar sempre que, antes de tudo, o Parque é uma unidade de conservação, e, como tal, não pode ter sua integridade colocada em risco em nome do turismo, da pesquisa ou de qualquer outra coisa”, ressalta Alessandro. 

O diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Naturatins, Warley Rodrigues, defende que a criação do PEJ foi fundamental para a conservação da biodiversidade em toda a região. “Hoje, a região do Jalapão, onde o Parque está inserido, representa a maior área contínua de Cerrado do Brasil em alto grau de conservação, inclusive abrigando inúmeras espécies da fauna, algumas ameaçadas de extinção, como o pato-mergulhão”, informa.

Dados técnicos

O Parque Estadual do Jalapão foi criado em 12 de janeiro de 2001, pertencendo à categoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral do Tocantins. O objetivo de sua criação é a preservação dos recursos naturais da região na qual está inserido, fato que restringe suas formas de exploração, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto de seus benefícios.

O Parque tem pouco mais de 158 mil hectares e está concentrado apenas no município de Mateiros, sendo que seus limites atingem os marcos divisórios deste com os municípios de Ponte Alta do Tocantins, São Felix do Tocantins e Novo Acordo.

O Parque representa um importante patrimônio ecológico nacional, uma vez que é atravessado por diversas sub-bacias que disponibilizam uma expressiva oferta de recursos hídricos, que abastecem especialmente o rio Tocantins. Por isso, o Jalapão é considerado a “caixa d’água” do Estado”. 

Os recursos naturais do parque e de toda a área do Jalapão, bem como a produção artesanal de suas comunidades, são protegidos por meio de ações e projetos encabeçados pelo Naturatins, que atua com diversos parceiros, dependendo da finalidade da ação proposta.

Acesso

A partir da Capital, Palmas, o acesso terrestre ao PEJ pode ser feito de duas maneiras. Pelo Norte, com acesso pelas rodovias TO-020, trecho Palmas - Novo Acordo (115 km), TO-030, trecho Novo Acordo - São Félix do Tocantins (147 km), seguindo depois pela rodovia TO-110, entre São Félix do Tocantins e Mateiros (79 km).

Pelo Sul, o caminho entre Palmas e o PEJ percorre trechos de rodovias pavimentadas como a TO-050 até Porto Nacional (60 km), que dá acesso à rodovia parcialmente pavimentada TO-255, que passa por Ponte Alta do Tocantins (135 km de asfalto) até atingir o município de Mateiros (165 km de terra). Uma rota alternativa, em fase de pavimentação, é o acesso pelo município de Lagoa do Tocantins. 

Quando visitar

É possível visitar o Jalapão o ano todo, mas a estação seca, que vai de maio a setembro, é a mais indicada, especialmente por causa das condições das estradas. De outubro a abril, apesar de os dias serem menos quentes, as chuvas podem atrapalhar os passeios, pois além de dificultar o acesso, deixa as águas turvas e afeta a visibilidade do pôr do sol.

Atrativos

Na região do Jalapão, onde o PEJ está inserido, existe uma diversidade de paisagens. Além de deserto, com imensas dunas alaranjadas e uma grande quantidade de cursos d’água, existe ainda as rochas e a vegetação diferenciada, com imensos campos de capim dourado e buritizais. 

Dentro da área do Parque, os atrativos cuja visitação é contabilizada e fiscalizada pelo Naturatins são as Dunas, cartão postal do Jalapão, composto por areias finas e alaranjadas que chegam a 40 metros de altura, sendo um dos locais preferidos pelos visitantes para assistir ao pôr-do-sol; e a Serra do Espírito Santo, que oferece uma vista privilegiada da beleza e imensidão do Jalapão. A trilha até o topo é de cerca de 8 km de ida e volta e o trilheiro é recompensado com uma vista inesquecível do lugar. 

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