Com cantos ancestrais, tambores, poesia e a presença de mestres, coletivos e
lideranças culturais, a Teia Tocantins 2025 foi aberta oficialmente nesta sexta-feira, 12, no auditório do Sebrae, em Palmas
O encontro reuniu representantes de comunidades tradicionais, povos originários, coletivos culturais, artistas, gestores públicos e sociedade civil organizada, em um grande ato artístico-político de celebração da Cultura Viva no estado.
A abertura foi marcada por intervenções culturais, cantos tradicionais, apresentações musicais e falas institucionais que reafirmaram a cultura como direito, identidade e instrumento de transformação social. A programação evidenciou a pluralidade dos territórios tocantinenses e a força da Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), que reconhece e fortalece as iniciativas culturais que nascem nas comunidades.
Representando o MinC no evento, o diretor de Promoção das Culturas Tradicionais e Populares do Ministério da Cultura, Sebastião José Soares, reforçou o caráter estruturante da Cultura Viva no país. Para ele, tradição e inovação caminham juntas. “O tradicional não é algo do passado; é inovação permanente. A Cultura Viva se alimenta dessas tradições para seguir existindo. Trabalhar a partir dos guardiões dos saberes é garantir inclusão, reconhecimento e também remuneração”, afirmou.
Respondendo interinamente pela Secretaria de Estado da Cultura, a secretária executiva Valéria Kurovski ressaltou o processo coletivo de construção da Teia Tocantins e o protagonismo dos fazedores de cultura. “Esta Teia foi tecida ao longo dos últimos meses com muito trabalho, diálogo e dedicação. Os verdadeiros protagonistas são as pessoas que fazem a cultura acontecer: os ponteiros, mestres e mestras que mantêm a Cultura Viva em seus territórios. Ainda há muito a ser feito, mas somente com a união da base cultural conseguiremos avançar e garantir que a cultura siga valorizada por meio das políticas públicas”, destacou.
Para o superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura da Secult, Antônio Miranda, a realização da Teia Tocantins representa uma conquista coletiva. “Este é um momento histórico, construído com o apoio de muitas mãos e com a caminhada de mestres e mestras que resistem diariamente para manter a cultura viva. É essa trajetória que permite que o Brasil seja reconhecido pela sua arte e diversidade. Como afirma a filósofa Marilena Chauí, a cultura é a dimensão simbólica da existência humana, e ela nasce nos territórios, com os povos originários, comunidades tradicionais e periféricas. Hoje celebramos a resistência e a força da cultura tocantinense”, destacou.
Durante a saudação da sociedade civil, Erval Benmuyal, liderança comunitária da PNCV e representante do GT Tocantins de Pontos de Cultura, destacou o caráter simbólico e político do encontro. Para ele, a realização da Teia representa a permanência de uma luta coletiva. “Estar aqui é afirmar a resistência que se constrói todos os dias nos territórios. É persistir, permanecer e celebrar a pluralidade que nos forma. Que este seja um tempo de encontro, diversidade e celebração da vida cultural que pulsa em nossos espaços”, afirmou.
O coordenador do MinC no Tocantins, Cícero Belém, ressaltou a importância da estruturação da política pública de Cultura Viva como base para a cidadania cultural. “Construir essa política no Tocantins é um trabalho cuidadoso, que exige escuta, articulação e compromisso. Não é simples reunir todos os ponteiros e ponteiras do estado, mas é profundamente gratificante promover o direito cultural e reconhecer quem está na ponta, nas periferias e comunidades, fazendo a cultura acontecer. O Tocantins é uma potência cultural, e essa política nos mantém firmes na missão”, destacou.
A diversidade de linguagens também esteve presente na fala de Paula Stuchinsky, representante do GT Hip Hop Nacional e da Comissão Nacional de Pontos de Cultura (CNPdC). Em sua fala, ela enfatizou o papel social do hip hop dentro da Cultura Viva. “É uma honra representar o hip hop neste espaço. A Cultura Viva dialoga diretamente com nossa missão de levar consciência, pertencimento e transformação para a juventude. Que esta Teia seja potente, transformadora e amplie a construção coletiva em um estado tão rico em arte e criatividade”, afirmou.
Presenças
A abertura da Teia Tocantins reuniu representantes de instituições parceiras, universidades, sociedade civil e lideranças culturais de diversas regiões do estado. Estiveram presentes o superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura da Secult, Antônio Miranda; o pró-reitor de Extensão e Cultura, da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Bruno Barreto; o diretor de Cultura do DCE da UFT, Moaci Felipe; o coordenador do Comitê de Cultura no Tocantins, Kaká Nogueira; o coordenador de Cultura da Unitins, Nivaldo Bodnar; a secretária Executiva da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (SEPOT), Solange Nascimento; a presidente do Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Palmas, Mônica Costa; a representante do pontão de cultura Gêneros em Rede, do Rio Grande do Sul, Mãe Vivi de Exu.
Também estiveram presentes, representando a Secretaria de Igualdade Racial, Chris Teixeira; representando a Secretaria da Mulher, Weslânia Gama; o presidente do Conselho de Políticas Culturais do Tocantins, Elpídio de Paula; a Mestra Felisberta, referência da cultura popular de Natividade e mestras da Cultura Viva, representantes de povos originários, comunidades quilombolas, coletivos culturais, artistas independentes e gestores municipais, reafirmando o caráter democrático, participativo e territorial da Política Nacional de Cultura Viva no Tocantins.
O evento contou ainda com a participação, apoio e colaboração dos servidores da Secult, que também estiveram presentes
Cultura Viva no Tocantins
Segundo dados do Mapa dos Pontos e Pontões de Cultura do site do Ministério da Cultura, hoje são mais de 12 mil Pontos de Cultura no Brasil, sendo 124 no Tocantins, espalhados por 33 municípios. Esses espaços têm papel fundamental na construção coletiva da identidade cultural de cada comunidade e no fortalecimento do diálogo, contribuindo para a construção democrática da política cultural no Brasil.
A abertura da Teia Tocantins também reafirmou o alinhamento entre o Governo do Tocantins e o Ministério da Cultura na consolidação da Política Nacional de Cultura Viva, fortalecida no estado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, dentro do pacto federativo do Sistema Nacional de Cultura. O evento simboliza, ainda, a preparação do Tocantins para a 6ª Teia Nacional, conectando saberes, territórios e sonhos em uma grande rede de pertencimento.
Manifestações de Cultura Viva
A abertura foi marcada por uma intensa programação de apresentações culturais e intervenções artísticas que entrelaçaram tradição, contemporaneidade e diversidade estética. O público foi acolhido com cantos tradicionais do povo Xerente, conduzidos por Silvino Sirnãwê Xerente, e pelo canto de saudação de Mãe Cleusa de Oyã, acompanhada pelos Tambores do Tocantins, com intervenções cênicas de Iva de Oliveira que conduziu o evento como Mestre de Cerimônias.
Ao longo da noite, as interações estéticas ficaram por conta do Mestre Arnon Ribeiro, da Comunidade Mumbuca, no Jalapão; do Slam do Cerrado, com o poeta Tato; do Mestre Wertemberg Nunes; e dos grupos de Suça Tia Benvinda e Mãe Ana, expressões vivas da cultura tradicional. O encerramento ocorreu em clima de celebração coletiva, com a apresentação dos Irmãos Ferreira, de Natividade, seguida de apresentações musicais, conduzidas por Dorivã, Márcio Bello, Nissin e os Tambores do Tocantins, reunindo artistas e público em um gesto de comunhão cultural e de preparação para a 6ª Teia Nacional.
Entre cantos, tambores e gestos de ancestralidade, a Teia Tocantins se afirma como um espaço de encontro, escuta e construção coletiva, onde a cultura é reconhecida como direito, memória e futuro, que se faz viva nos corpos, nas vozes e nos territórios de quem a faz todos os dias.
Programação
A programação segue neste sábado, 13, e domingo, 14, no distrito de Taquaruçu.
Teia Tocantins 2025: Pontos de Cultura pela Justiça Climática
A Teia Tocantins: Pontos de Cultura pela Justiça Climática 2025 é uma realização do Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Cultura, com co-realização do GT Rede Tocantins de Pontos de Cultura/CNPdC, em parceria com o Comitê de Cultura no Tocantins/PNCC. Conta ainda com os apoios da Secretaria de Estado da Igualdade Racial, Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais, Secretaria Executiva da Governadoria e Universidade Federal do Tocantins. O evento é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e integra as ações da Política Nacional de Cultura Viva, do Sistema Nacional de Cultura.
Por Caccau Ferreira/Governo do Tocantins

Nenhum comentário:
Postar um comentário