quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O senador tocantinense Eduardo Gomes (MDB) entra na briga e garante: “O pequi é nosso”

 

A iniciativa do deputado federal mineiro Marcelo Freitas (PSL) de propor que seja concedido à cidade de Montes Claros o título de Capital do Pequi, motivou uma reação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que mobilizou a bancada do estado para evitar a aprovação do projeto na Câmara dos Deputados.

Senador Eduardo Gomes (MDB-TO)

Mas o senador Eduardo Gomes (MDB), líder do Governo no Congresso, entrou de armas e bagagem na briga e brada em alto e bom som: “O Pequi é Tocantins”. Leia o artigo do senador sobre a polêmica:

“Pra não dizer que não falei de flores, vou falar do pequi

Quem nunca viu a flor do pequi e nunca provou do sabor exótico deste fruto do cerrado não vai entender muito esta polêmica. Mas quem conhece e aprecia, é capaz de pegar em armas por ela. Vamos aos fatos: o deputado Marcelo Freitas do PSL por Minas Gerais propôs conceder o precioso título de Capital do Pequi à Montes Claros, onde, se procurar muito é capaz de encontrar alguns pequizeiros em pé no cerrado mineiro.

Goiás reagiu e o governador Ronaldo Caiado (DEM) mobilizou sua bancada na Câmara para tentar salvar o patrimônio, reivindicando para os goianos monopólio do patrimônio imaterial do pequi.

Ocorre que o pequi é muito mais tocantinense do que mineiro ou goiano. Portanto, se tem uma cidade que merece o título de Capital do Pequi é justamente a cidade de Pequizeiro, que fica localizada no Centro Oeste, mas do Tocantins. Pedindo licença ao governador goiano, vou candidatar o Tocantins ao título.

Não é só o fato de ostentar uma cidade com o nome de Pequizeiro que faz o Tocantins o território do pequi. É a abundância do fruto em nosso território com o cerrado ainda preservado e onde o corte do pequizeiro é crime ambiental. Reza a lenda que, quando da divisão de Goiás, o pequi entrou como contrapartida para o Tocantins, que herdou a parte pobre do Estado.

No Tocantins o pequi não é só cultural. Fonte de renda para os coletores que vendem as toneladas nas beiras das estradas, porque ainda não somos capazes de processor de forma industrial e agregar valor. E fonte de saúde. De acordo com nutricionistas, é bom para a imunidade, para a visão, para a pele e ajuda muito a diminuir o nível de colesterol ruim.

Pesquisas científicas estão mostrando o valor nutricional e a importância do pequi para diminuir os radicais livres que ajudam a combater o câncer, além de ser fonte de vitaminas A e E betacaroteno. Esse é o nosso Caryocal brasiliensis.

Sacramentando, o pequi é tocantinense porque o Tocantins o preservou e o cultua e o celebra. Aqui ele é mais saboroso, mais carnudo, mais alaranjado. Os goianos o trocaram pela soja, a cana de açúcar, o milho e o gado.

O pequi goiano é uma vaga lembranças em músicas, versos e jargões. Está escasso por aquelas bandas. Aqui no Tocantins não. Aqui as crianças brincam em suas sombras, se fartam com seus caroços, O pequizeiro está nos quintais, está nas praças e bosques da capital. Está no terreno baldio, na sede da fazenda, na beira da estrada, nas margens dos rios, no centro da aldeia indígena.

O pequi está em forma de monumento no distrito de Itapiratã às margens da rodovia Belém/Brasília e em Pequizeiro. Aqui no Tocantins a gente sabe os pequis estão. E pra finalizar, um verso de uma música do compositor Zé Lourinho, interpretado por Tony Xavier, ambos de Palmas: “Eu nunca tinha visto um pequi tão bão assim”. E outro de Renê do Amaral Bem, interpretado pelo mestre Chico Chocolate: “De tanto que eu gosto, até como cru. I Want Pequi (Pequi Blues)”.

Eduardo Gomes é senador pelo Tocantins, compositor, líder no Congresso e tocantinense-raiz.

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