Projeto Ordena Brasil traz o debate com gestores que estão fazendo a
diferença.
Overturismo, acidentes com turistas, especulação imobiliária
e preços abusivos colocam o turismo no centro de um debate urgente sobre
sustentabilidade, segurança e responsabilidade. Projeto Ordena Brasil cobra
ação imediata.
Nos últimos dias, o turismo — muitas vezes
lembrado como símbolo de desenvolvimento, lazer e prosperidade — voltou às
manchetes por motivos bem menos positivos. Jornais, portais especializados,
redes sociais e os bastidores do setor fervilham com notícias sobre
superlotação em destinos, tragédias em passeios turísticos, a crise
habitacional causada por plataformas como Airbnb e os preços estratosféricos
cobrados durante eventos como a COP30 em Belém (PA).
A sequência de acontecimentos acendeu o alerta
vermelho em nível nacional e global. Especialistas do projeto Ordena Brasil,
que atua com planejamento e ordenamento turístico em municípios brasileiros, se
manifestaram publicamente em defesa de um novo pacto para o turismo no país:
sustentável, seguro, ordenado e centrado nas comunidades locais.
Overtourism: o turismo que sufoca
Cidades como Veneza, Barcelona e Santorini têm
implementado barreiras para conter o excesso de turistas — com taxas,
agendamento obrigatório ou limite de visitantes por dia. No Brasil, o fenômeno
também já é sentido em destinos como Jalapão (TO), Chapada dos Veadeiros (GO),
Fernando de Noronha (PE) e praias do litoral catarinense, especialmente em
feriados e alta temporada.
Fonte: Imagem
da internet.
“O que era para ser um motor de desenvolvimento
virou um fator de expulsão. Os moradores estão perdendo espaço, qualidade de
vida e poder de permanência nos lugares onde nasceram”, explica Maicon
Dimbarre, consultor de turismo e idealizador do projeto Ordena Brasil.
Esse descompasso entre promoção turística e
ordenamento urbano tem provocado um desequilíbrio estrutural, especialmente em
áreas com infraestrutura frágil ou planejamento deficiente.
Airbnb, especulação e exclusão
A crise habitacional em cidades turísticas
brasileiras tem sido intensificada por condomínios residenciais tomados por
locações de curta duração — muitas vezes sem regras claras, gerando conflitos
internos, perda de identidade comunitária e inflação nos aluguéis.
Fonte: Imagem
da internet.
“Estamos vendo cidades se transformarem em vitrines
para visitantes, mas inabitáveis para quem mora lá. É urgente que o poder
público regule o uso de plataformas, proteja o direito à moradia e envolva a
população local nas decisões”, alerta Fernanda Tainã Castro,
especialista em políticas públicas e coordenadora técnica do projeto.
Acidentes fatais expõem falhas graves na segurança
turística
Três episódios recentes chocaram o setor e
reforçaram a urgência de regulamentar atividades turísticas de risco:
- Em 21 de
junho, em Praia Grande (SC), um acidente com balão matou oito pessoas após
o equipamento pegar fogo e cair. Foi o pior desastre com balonismo no
Brasil em quase uma década.
- Em 15 de
junho, na Capadócia (Turquia), dois balões caíram durante ventos fortes.
Um piloto morreu e 31 turistas ficaram feridos — muitos da Indonésia.
- E em um caso que comoveu o país, a brasileira Juliana Rocha, de 36 anos, faleceu durante uma trilha ao Monte Merapi, um vulcão ativo na Indonésia. Juliana caiu em uma cratera durante a excursão e não resistiu. Familiares denunciaram falta de preparo da agência e demora no resgate.
Fonte: Imagem da Internet.
Esses episódios, segundo o Ordena Brasil,
demonstram o vácuo de legislação, ausência de fiscalização e carência de
protocolos de emergência. O balonismo, por exemplo, ainda não possui
regulamentação nacional detalhada no Brasil.
COP30: o vexame da hospitalidade
Com a proximidade da COP30, que será realizada em
Belém (PA) em novembro de 2025, os olhos do mundo se voltaram para o Brasil —
mas o que deveria ser uma vitrine virou um retrato da desorganização.
Hospedagens dispararam: pacotes de duas semanas chegam a R$ 80 mil; casos
isolados ultrapassaram R$ 170 mil. O Governo Federal já anunciou investigações
sobre práticas abusivas.
“Como falar de sustentabilidade e justiça climática
em um evento onde milhares de pessoas estão sendo excluídas por não conseguirem
pagar para estar presentes?”, questiona Fernanda Castro. A crítica foi
reforçada durante a pré-COP em Bonn, na Alemanha, onde as condições de Belém
foram amplamente debatidas.
Fonte: Imagem
da internet.
Um turismo que exclui: a quem ele serve?
A crise atual escancara o paradoxo do turismo mal
planejado: promove-se o destino, mas não se prepara a cidade; atrai-se o
turista, mas se expulsa o morador.
“O Brasil ainda tem tempo de evitar o colapso
completo. A maioria dos nossos destinos sofre com superlotação apenas em
períodos pontuais. Mas se não houver planejamento agora, em breve teremos o
mesmo cenário de caos que vemos em outros países”, alerta Maicon Dimbarre.
Para os idealizadores do projeto Ordena Brasil, o
momento exige uma resposta contundente:
“Não adianta falar em sustentabilidade se não há
segurança. Não adianta promover se não há ordenamento. E não adianta planejar
se não houver fiscalização”, resume Fernanda Tainã Castro.
Diálogos que inspiram: Ordena Brasil Ao Vivo
Como parte da sua missão, o Projeto Ordena Brasil
realiza transmissões ao vivo semanais, entrevistando secretários de turismo,
gestores públicos e especialistas de todo o país que estão promovendo
transformações reais em seus destinos.
A iniciativa tem revelado boas práticas, desafios e
soluções locais que podem inspirar políticas mais eficientes e sustentáveis em
todo o território nacional. Os episódios vão ao ar no YouTube e nas redes
sociais do projeto, com mediação de Maicon Dimbarre e Fernanda Tainã Castro.
O que propõe o projeto Ordena Brasil?
O Ordena Brasil atua na construção de estratégias
para que o turismo seja econômico, ambiental e socialmente sustentável,
propondo:
- Zoneamento
turístico e definição de capacidade de carga;
- Licenciamento
e regulamentação de atividades de risco;
- Qualificação
de prestadores e certificação de segurança;
- Participação
comunitária na gestão do turismo;
- Monitoramento
de preços e uso equilibrado de plataformas digitais.
A agenda está aberta a municípios, estados e
instituições que desejam um novo caminho para o turismo brasileiro: centrado
nas pessoas, respeitoso com o território e seguro para todos.
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