terça-feira, 8 de julho de 2025

TURISMO EM COLAPSO? Brasil e o mundo enfrentam crise com excesso de visitantes, acidentes fatais e falta de planejamento.

Projeto Ordena Brasil traz o debate com gestores que estão fazendo a diferença.

Overturismo, acidentes com turistas, especulação imobiliária e preços abusivos colocam o turismo no centro de um debate urgente sobre sustentabilidade, segurança e responsabilidade. Projeto Ordena Brasil cobra ação imediata.

Nos últimos dias, o turismo — muitas vezes lembrado como símbolo de desenvolvimento, lazer e prosperidade — voltou às manchetes por motivos bem menos positivos. Jornais, portais especializados, redes sociais e os bastidores do setor fervilham com notícias sobre superlotação em destinos, tragédias em passeios turísticos, a crise habitacional causada por plataformas como Airbnb e os preços estratosféricos cobrados durante eventos como a COP30 em Belém (PA).

A sequência de acontecimentos acendeu o alerta vermelho em nível nacional e global. Especialistas do projeto Ordena Brasil, que atua com planejamento e ordenamento turístico em municípios brasileiros, se manifestaram publicamente em defesa de um novo pacto para o turismo no país: sustentável, seguro, ordenado e centrado nas comunidades locais.

Overtourism: o turismo que sufoca

Cidades como Veneza, Barcelona e Santorini têm implementado barreiras para conter o excesso de turistas — com taxas, agendamento obrigatório ou limite de visitantes por dia. No Brasil, o fenômeno também já é sentido em destinos como Jalapão (TO), Chapada dos Veadeiros (GO), Fernando de Noronha (PE) e praias do litoral catarinense, especialmente em feriados e alta temporada.

Fonte: Imagem da internet.

“O que era para ser um motor de desenvolvimento virou um fator de expulsão. Os moradores estão perdendo espaço, qualidade de vida e poder de permanência nos lugares onde nasceram”, explica Maicon Dimbarre, consultor de turismo e idealizador do projeto Ordena Brasil.

Esse descompasso entre promoção turística e ordenamento urbano tem provocado um desequilíbrio estrutural, especialmente em áreas com infraestrutura frágil ou planejamento deficiente.

Airbnb, especulação e exclusão

A crise habitacional em cidades turísticas brasileiras tem sido intensificada por condomínios residenciais tomados por locações de curta duração — muitas vezes sem regras claras, gerando conflitos internos, perda de identidade comunitária e inflação nos aluguéis.

Fonte: Imagem da internet.

“Estamos vendo cidades se transformarem em vitrines para visitantes, mas inabitáveis para quem mora lá. É urgente que o poder público regule o uso de plataformas, proteja o direito à moradia e envolva a população local nas decisões”, alerta Fernanda Tainã Castro, especialista em políticas públicas e coordenadora técnica do projeto.

Acidentes fatais expõem falhas graves na segurança turística

Três episódios recentes chocaram o setor e reforçaram a urgência de regulamentar atividades turísticas de risco:

  • Em 21 de junho, em Praia Grande (SC), um acidente com balão matou oito pessoas após o equipamento pegar fogo e cair. Foi o pior desastre com balonismo no Brasil em quase uma década.


Fonte: Imagem da internet.


  • Em 15 de junho, na Capadócia (Turquia), dois balões caíram durante ventos fortes. Um piloto morreu e 31 turistas ficaram feridos — muitos da Indonésia.
  • E em um caso que comoveu o país, a brasileira Juliana Rocha, de 36 anos, faleceu durante uma trilha ao Monte Merapi, um vulcão ativo na Indonésia. Juliana caiu em uma cratera durante a excursão e não resistiu. Familiares denunciaram falta de preparo da agência e demora no resgate.

Fonte: Imagem da Internet.

Esses episódios, segundo o Ordena Brasil, demonstram o vácuo de legislação, ausência de fiscalização e carência de protocolos de emergência. O balonismo, por exemplo, ainda não possui regulamentação nacional detalhada no Brasil.

COP30: o vexame da hospitalidade

Com a proximidade da COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025, os olhos do mundo se voltaram para o Brasil — mas o que deveria ser uma vitrine virou um retrato da desorganização. Hospedagens dispararam: pacotes de duas semanas chegam a R$ 80 mil; casos isolados ultrapassaram R$ 170 mil. O Governo Federal já anunciou investigações sobre práticas abusivas.

“Como falar de sustentabilidade e justiça climática em um evento onde milhares de pessoas estão sendo excluídas por não conseguirem pagar para estar presentes?”, questiona Fernanda Castro. A crítica foi reforçada durante a pré-COP em Bonn, na Alemanha, onde as condições de Belém foram amplamente debatidas.


Fonte: Imagem da internet.

Um turismo que exclui: a quem ele serve?

A crise atual escancara o paradoxo do turismo mal planejado: promove-se o destino, mas não se prepara a cidade; atrai-se o turista, mas se expulsa o morador.

“O Brasil ainda tem tempo de evitar o colapso completo. A maioria dos nossos destinos sofre com superlotação apenas em períodos pontuais. Mas se não houver planejamento agora, em breve teremos o mesmo cenário de caos que vemos em outros países”, alerta Maicon Dimbarre.

Para os idealizadores do projeto Ordena Brasil, o momento exige uma resposta contundente:

“Não adianta falar em sustentabilidade se não há segurança. Não adianta promover se não há ordenamento. E não adianta planejar se não houver fiscalização”, resume Fernanda Tainã Castro.

Diálogos que inspiram: Ordena Brasil Ao Vivo

Como parte da sua missão, o Projeto Ordena Brasil realiza transmissões ao vivo semanais, entrevistando secretários de turismo, gestores públicos e especialistas de todo o país que estão promovendo transformações reais em seus destinos.

A iniciativa tem revelado boas práticas, desafios e soluções locais que podem inspirar políticas mais eficientes e sustentáveis em todo o território nacional. Os episódios vão ao ar no YouTube e nas redes sociais do projeto, com mediação de Maicon Dimbarre e Fernanda Tainã Castro.

O que propõe o projeto Ordena Brasil?

O Ordena Brasil atua na construção de estratégias para que o turismo seja econômico, ambiental e socialmente sustentável, propondo:

  • Zoneamento turístico e definição de capacidade de carga;
  • Licenciamento e regulamentação de atividades de risco;
  • Qualificação de prestadores e certificação de segurança;
  • Participação comunitária na gestão do turismo;
  • Monitoramento de preços e uso equilibrado de plataformas digitais.

A agenda está aberta a municípios, estados e instituições que desejam um novo caminho para o turismo brasileiro: centrado nas pessoas, respeitoso com o território e seguro para todos.

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário