Documentos reforçam a importância das regiões semiáridas nas negociações climáticas globais e reúnem propostas para o fortalecimento das políticas ambientais no Brasil
Foto: Marcos Rodrigo SR/Ascom ICID
Após uma semana intensa de debates e trocas de experiências, a 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID 2025) encerrou, nesta sexta-feira (19), sua programação no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O ponto alto do último dia foi a elaboração e apresentação de dois documentos que reforçam a importância das regiões semiáridas nas negociações climáticas globais e que serão destinados à COP30: a Carta de Fortaleza e a Declaração final dos governadores e governadoras do Nordeste.
A Carta de
Fortaleza foi formulada de forma colaborativa por representantes da comunidade
científica, organismos internacionais e da sociedade civil presentes na 3ª
ICID, em um processo que consolidou recomendações sobre terras secas e
processos de desertificação, tendo em vista prioridades estratégicas e
propostas de ação da região diante da crise climática.
O documento reafirma compromissos voltados à implementação de uma agenda de desenvolvimento sustentável, concebida para apoiar, de forma integrada, o alcance de objetivos ambientais, sociais, econômicos e político-institucionais. Reforça, ainda, o entendimento comum diante do agravamento da crise climática, da degradação da terra, da desertificação e de suas profundas repercussões socioeconômicas.
Entre os pontos já definidos, estão diretrizes para adaptação às mudanças do clima, manejo sustentável de recursos, incentivo à bioeconomia, fortalecimento da cooperação internacional e apoio à transição energética verde, que compõem a versão oficial que será apresentada durante a COP30 no Brasil como contribuição da região Nordeste para as discussões sobre clima.
“O Nordeste será muito bem representado na COP30, e os documentos que fizemos coletivamente na ICID serão excelentes subsídios para as discussões, e para que o semiárido também esteja no centro dos debates de mudanças climáticas na próxima COP, que acontece aqui no Brasil”, destacou Raiza Fraga, líder de Projeto no CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, organização social do MCTI).
O documento dá visibilidade às pautas do semiárido brasileiro e projeta a região Nordeste como protagonista da transição ecológica e da justiça climática.
Já a “Declaração final dos governadores e governadoras do Nordeste: da COP Nordeste à COP30”, que lança as bases do Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica, é resultado de um esforço coletivo que ouviu governos, academia, setor privado, movimentos sociais e comunidades tradicionais, consolidando o Nordeste como um território de inovação democrática. O documento apresenta 10 compromissos que moldarão o futuro do Nordeste:
·
Transformar
para as pessoas – reduzir desigualdades e gerar emprego com igualdade de gênero
e oportunidades para a juventude.
·
Liderar a
transição energética justa – triplicar capacidade de renováveis até 2030, com
tarifas acessíveis e empregos verdes.
·
Impulsionar
a neoindustrialização sustentável – atrair indústrias de química verde,
mobilidade elétrica e semicondutores.
·
Promover a
bioeconomia e agricultura sustentável – valorizar a Caatinga, agricultura
familiar e sociobiodiversidade.
·
Fortalecer
educação, ciência e inovação verde – focar em juventudes rurais, indígenas,
quilombolas e periféricas.
·
Ampliar a
economia circular – expandir reciclagem, logística reversa e cooperativas de
catadores.
·
Garantir
segurança hídrica – investir em cisternas, dessalinização e microsistemas
comunitários.
·
Preservar a
biodiversidade e fomentar turismo de base comunitária – ampliar unidades de
conservação e pagamento por serviços ambientais.
·
Integrar
investimentos sustentáveis e fortalecer o protagonismo internacional –
democratizar crédito e exportar tecnologias socioambientais.
·
Conduzir a
transformação com transparência e participação – assegurar controle democrático
e engajamento social em todas as etapas.
20 nacionalidades, 30 horas de transmissão ao vivo e mais de 50 sessões
A
programação de sexta (19) contou ainda com sessões sobre os impactos das secas
na Amazônia e em regiões semiáridas, estratégias de manejo do solo e da água
para resiliência climática e práticas de agricultura sustentável em territórios
áridos, reunindo especialistas do Brasil e do mundo.
“A 3ª ICID foi um marco histórico para o Ceará, reunindo mais de duas mil pessoas de 20 nacionalidades, com 30 horas de transmissão ao vivo e 53 sessões temáticas. O evento foi resultado de um esforço coletivo, que envolveu estudantes, sociedade civil, gestores, pesquisadores e tantos outros. Como fruto desse trabalho conjunto, colhemos contribuições valiosas para construir um futuro melhor para as regiões áridas e semiáridas do mundo”, destacou Sandra Monteiro, secretária da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará.
A ICID 2025 foi uma promoção do Governo do Ceará, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A realização esteve a cargo da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Ceará (Sema) e da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A coordenação executiva foi do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), e o evento contou com apoio de instituições como UNCCD, ANA, Embrapa, Embaixada da França no Brasil e Cemaden; além de patrocínio da Fiec e do Sebrae.
Confira as transmissões da ICID no link.
Confira aqui as fotos da
ICID 2025.
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