As
estratégias de promoção internacional do turismo no Brasil foram tema de debate
na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado (CDR), que recebeu
o diretor-presidente da Embratur, Marcelo Freixo, para uma audiência pública
nesta terça-feira (19).
Presidente da Embratur, Marcelo Freixo (e) foi ouvido na CDR. Edilson Rodrigues/Agência Senado
Senadora Professora Dorinha Seabra
O debate aconteceu por requerimento da presidente da CDR, senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO). O objetivo foi discutir as políticas do setor, com vistas a um crescimento econômico equilibrado e sustentável do turismo no país.
Marcelo Freixo explicou o Plano Brasis, que está sendo desenvolvido nas 27 unidades da Federação, e relatou as estratégias para atrair turistas do exterior. Ele defendeu que, pelo grande potencial de gerar receita e emprego de forma sustentável, o turismo deveria ter mais prioridade orçamentária.
Brasil cresce no cenário turístico internacional
A ascensão
do turismo brasileiro no cenário internacional também foi o destaque da
audiência pública. Marcelo Freixo apresentou aos senadores dados sobre o turismo
e informou que, nos primeiros sete meses de 2025, o Brasil já alcançou 80% da
meta estabelecida para o ano, de receber mais de 6,7 milhões de visitantes
estrangeiros — número recorde, que foi alcançado no ano passado e gerou US$ 7,3
bilhões para a economia.
Senadores
como Jorge Seif (PL-SC), que presidiu a reunião, Augusta Brito (PT-CE) e
Randolfe Rodrigues (PT-AP) apontaram o turismo uma das mais importantes
atividades para o desenvolvimento da economia e ressaltaram a atuação da
Embratur na promoção internacional dos destinos turísticos nacionais.
— A
retomada de um programa de apresentação dos destinos nacionais é um acerto
imensurável. Temos algumas praias nordestinas com beleza superior às do Caribe,
por exemplo; os Lençóis Maranhenses, a diversidade do Pantanal, o clima quente
e úmido da Amazônia contrastando com o frio das serras catarinenses. A
diversidade do nosso povo é uma das maiores riquezas, além da diversidade
geográfica, onde a Amazônia, por exemplo, se tornou marca global. Tudo isso é
promoção internacional e precisa ser mostrada como ela é — considerou
Randolfe.
Segundo
Freixo, o turismo gerou 310 mil novos empregos formais e informais em 2024 no
Brasil. Ele informou ainda que o país tem perspectiva de crescimento de 48% em
2025 no setor, enquanto a previsão da Organização das Nações Unidas Turismo
(ONU Turismo) para o resto do mundo nesse sentido está entre 3% a 5%.
— A gente
está apresentando o Brasil de forma correta, e temos atuado para fazer do país
um lugar cobiçado dentre os mais diversos lugares do mundo. Mas não é somente
gerar interesse em visitar o Brasil. A Embratur atua facilitando a geração de
novos negócios, o que garante que o desejo de compra seja acompanhado de uma
oferta adequada de voos e pacotes turísticos — disse, explicando que a agência
trabalha também no fomento do turismo interno.
Novas rotas
Freixo
explicou que o papel do Ministério do Turismo é diferente da função da
Embratur, embora ambos os órgãos atuem em prol do turismo. A pasta do Turismo é
órgão do governo federal que trata do desenvolvimento do setor como atividade
econômica sustentável. Já a Embratur é a agência responsável pela promoção
internacional do turismo no país e atua na divulgação dos destinos nacionais no
exterior, atraindo visitantes e investimentos.
Freixo
avaliou que o turismo precisa ser desenvolvido acima de partidarismos e não
deve atender a interesses particulares, “já que os efeitos dessa atividade são
bons para todos e todos os senadores têm o desejo de ver suas regiões crescerem
e gerar emprego e renda”. Ele mencionou o trabalho da Embratur no fomento a
novas rotas turísticas, explorando a ampla diversidade geográfica e cultural
nos seis biomas do país. O aumento da oferta de linhas áreas também foi
mencionado. O Nordeste, por exemplo, tem sido apresentado pela Embratur como
uma região rica culturalmente, com muitos atrativos além do litoral, que
rivaliza com o Caribe.
Jorge Seif
elogiou o trabalho de Freixo à frente da Embratur e disse que o desenvolvimento
do turismo interessa a todos, considerando a atividade um dos grandes aliados
do país do ponto de vista econômico. Além de conectar vários setores, o senador
avaliou que essa área é “democrática e pulverizada, contribuindo com o
crescimento de todos os estados”.
Vistos
Seif
criticou porém a retomada da exigência de vistos para turistas dos Estados
Unidos, Canadá, Austrália e Japão que chegam ao Brasil, e considerou essa
medida do governo “contraproducente, antieconômica e ideológica”. A exigência
do documento para Estados Unidos, Canadá e Austrália entrou em vigor em abril
de 2025, após o fim da isenção unilateral concedida em 2019.
— Se
queremos incrementar o turismo, aumentar burocracia e impor taxa para pagar não
cabe na minha cabeça. Essas pessoas trazem dólares para o nosso país e tenho
certeza de que desburocratizar sua entrada melhoraria ainda mais os números do
turismo apresentados aqui, que já são maravilhosos — pontuou o senador.
Freixo
explicou que Brasil e Japão firmaram acordo para isentar mutuamente vistos de
curta duração com passaporte comum. Para os demais países, o presidente da
Embratur afirmou que a exigência do documento tem base no princípio da
reciprocidade e atende a relações diplomáticas que não são definidas pela
agência. Além disso, Freixo salientou que o visto é de fácil obtenção, pela internet,
em poucos minutos, e não representa um real obstáculo para os visitantes
estrangeiros. Mesmo com a exigência de visto e a crise diplomática com os
Estados Unidos, o número de visitantes norte-americanos aumentou 4% este ano,
informou.
Entre as perguntas
a ele encaminhadas por parlamentares de oposição, Jorge Seif questionou Marcelo
Freixo sobre uma investigação feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a
respeito de denúncias de supostos "funcionários fantasmas" que teriam
sido contratados recebendo salários de até R$ 38,5 mil, bem como uma má
utilização de recursos públicos pela Embratur. Freixo respondeu que a
denúncia foi feita de maneira anônima e, talvez, por opositores, mas que é
papel do órgãos investigá-las. Segundo o presidente da Embratur, todos os
processos que foram abertos pelo TCU, Ministério Público Federal (MPF),
Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Federal foram posteriormente
arquivados, por falta de provas.
— Não
procedem [as denúncias], não são verdade, e a gente sabe das motivações
políticas. O que nos cabe é responder republicanamente.
Segurança pública
Seif também
quis saber quais ações a Embratur implementou a respeito de alertas
internacionais recentes sobre uma possível insegurança no Brasil, e medidas
para garantir a segurança dos turistas que vêm ao país.
Segundo
Freixo, a relação turismo e segurança precisa se aprofundada, já que esse é um
problema enfrentado por países de todo o mundo. O presidente da Embratur
analisou, contudo, que o turismo pode ser uma grande solução na busca pela
segurança pública, que não interessa apenas ao setor, mas à vida de
todos.
— Se
eu invisto num lugar para ele ter mais turistas, eu faço as pessoas circularem
mais, faço haver melhor iluminação, mais policiamento, geração de emprego e
renda e esse lugar, consequentemente, se tornará mais seguro — observou,
lembrando o caso de outros países com problemas na segurança pública que
conseguiram incrementar o turismo e reduzir a incidência de criminalidade.
COP 30
Também em
resposta a Seif, Freixo ressaltou que a escolha de Belém para a realização da
COP 30, em novembro, tem a ver com a temática dos desafios ambientais e da
sustentabilidade. Seif pontuou que a seleção da capital paraense tem sido
questionada devido à falta de estrutura local para receber as comitivas e por
ser considerada uma decisão de caráter político.
Marcelo
Freixo observou que a seleção não foi feita pela Embratur, mas considerou
acertada a realização do evento na capital paraense e, dentro da Amazônia, “já
que a região não é um tema secundário, mas o ponto principal das discussões”.
Ele salientou que a agência tem atuado de modo concreto para a estrutura da
COP, inclusive por meio da disponibilização de dez mil leitos, mediante dois
cruzeiros que serão atracados na região. O gestor lembrou ainda que o turismo é
uma alternativa econômica importante para a Amazônia.
— Não
adianta combater a ilegalidade, o garimpo ilegal, por exemplo, sem apresentar
alternativas econômicas à região — declarou.
Randolfe
Rodrigues concordou com o presidente da Embratur. Para o senador, a COP 30 é
uma oportunidade para as delegações estrangeiras conhecerem a região amazônica,
que além de abrigar a maior floresta tropical e a maior biodiversidade do
planeta, tem 22 milhões de habitantes, com as necessidades inerentes a todos as
pessoas.
Números
Augusta
Brito quis saber mais detalhes sobre o crescimento do turismo, com acesso a
relatórios sobre quais estados e cidades são os mais visitados pelos
estrangeiros. Ela comemorou dados apresentados por Marcelo Freixo, segundo os
quais o Brasil recebeu 5,9 milhões de turistas estrangeiros somente entre
janeiro e julho de 2025. Desses, 2,52 milhões de pessoas partiram da Argentina,
495 mil do Chile e 495 mil visitantes vieram dos Estados Unidos, informou o
presidente da Embratur.
Ao adiantar
que fará um pronunciamento em Plenário sobre o tema, Augusta disse que o
assunto precisa ser de conhecimento da população.
— A gente
precisa divulgar. Fiquei surpresa com o número de turistas que chegam ao país
porque nem eu não sabia que era tão alto. Fico muito feliz de saber que esse
aumento tem sido constante e tenho certeza de que, nos meses que vêm até
dezembro, isso vai ser ampliado — afirmou a senadora.
Participação de internautas
Internautas
de vários estados participaram da audiência pública por meio de comentários,
perguntas e sugestões encaminhados pelo Portal e-Cidadania, do Senado Federal.
Ana M. M. D. A., do Rio de Janeiro, por exemplo, ponderou que o país precisa
dar fim à apelação para o turismo sexual, inclusive com exploração infantil. Em
seguida, na opinião da internauta, é necessário acabar com a violência e o
narcotráfico.
Para Sabrina
L. D. S. S., de São Paulo, o Brasil precisa de segurança, “já que é difícil
atrair turistas e não adianta fazer promoções com a criminalidade do jeito que
está”. De Minas Gerais, Adelgicio J. M. D. P. escreveu que “o Brasil deve
enfatizar valores cultivados no país como liberdade, democracia, tolerância e
respeito aos direitos humanos”.
Fonte: Agência Senado
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